sábado, 3 de agosto de 2013

Resenha: Under The Never Sky

Never Sky - Sob o Céu do Nunca (Under The Never Sky)
Autora: Veronica Rossi
Ano: 2012 (EUA)/2013 (BRA)
Editora: HarperCollins (EUA)/Prumo (BRA)
Sinopse: Em um cenário pós-apocalíptico, a população do planeta se dividiu entre aqueles que conseguiram esconder-se em cidades encapsuladas, conhecidas como núcleos, e as que sobreviveram nas áreas externas, mas tornaram-se primitivas. Através de um dispositivo eletrônico, os habitantes dos núcleos podem frequentar diferentes Reinos, cópias virtuais e multidimensionais do mundo que elas deixaram para trás.
Neles se pode fazer qualquer coisa, ser qualquer pessoa, sem consequências no mundo real. Mundos sem dor, sem medo. As palavras dor e medo, porém, fazem parte do vocabulário cotidiano dos que vivem além das paredes dos núcleos. A escritora Veronica Rossi se utiliza da oposição dessas duas sociedades para pensar o poder da tecnologia, seus benefícios, malefícios e alienação que pode provocar nas pessoas.

Quanto tempo hein! Não? Pois pra mim foi! Eu demorei nesse livro por que primeiramente apareceu muita coisa esses dias, sempre atrapalhava a leitura, e segundo e principalmente (eu acho), porque eu li em inglês, e esse é o motivo de os dados do ali em cima falarem sobre os dois países. Por isso também, em relação aos quotes, vou postar eles em inglês com a tradução livre sem compromisso e etc. do lado, ok? Mas achei a capa brasileira incomparavelmente mais bonita. Aliás, a autora é brasileira, apesar de morar nos EUA! Mas então, vamos aos finalmentes:

Desde o começo do ano passado eu queria ler esse livro, e não me decepcionei. Vamos dizer que começa com Aria quebrando as regras, indo a um local proibido para tentar falar com sua mãe que está em outra cidade, outro núcleo. Fora da segurança do núcleo e com os alarmes desativados, Soren (Filho de um chefão do local) acaba provocando um incêndio, o que basta para deixá-los descontrolados. Árvores, fogo, nada disso eles já tinham visto de verdade, só virtualmente, tamanho é o isolamento em que eles vivem. O lugar que eles vão está destruído por uma tempestade de Éter, o que a autora não explica bem o que é, nem tem muito para explicar. Éter é a substância que os antigos acreditavam preencher o Universo. Nesse caso aqui, ele cai como relâmpagos muito mortais.
"Fire and water, come together in the sky." - "Fogo e água, juntos no céu."
Aria é salva da morte por pouco, mas graças a uma coisa que não acontecia a muito tempo: um invasor. Um selvagem. Não demora para sabermos quem ele é. Peregrine, ou Perry, teve suas razões para se esgueirar para dentro de um Núcleo, e consegue escapar de volta, mas a culpa do ato dele recai para cima de Aria. Fora a escrita muito bem fluída, eu diria que esse é o ponto mais forte da narrativa; a alternância de pontos de vista (POVs), em terceira pessoa, entre os dois protagonistas. Temos uma visão mais dinâmica da história, o que é fundamental. Porque eles têm suas próprias trajetórias e problemas para resolver antes de se juntarem. Nas primeiras páginas, os pontos de vista do Perry são bem mais interessantes que os da Aria. Você pode até chegar a confundir esse livro com um daqueles que a protagonista é uma donzela em perigo e o protagonista é o brutão misterioso que vai salvá-la e eles vão viver uma paixão ardente.

Mas a distribuição dos POVs é perfeitamente equilibrada. Vemos tanto da vida de Perry quanto da de Aria; ele é irmão do Soberano de Sangue (Blood Lord) de uma tribo, e Talon é a pessoa que ele mais ama no mundo. A vida de Perry é bem mais difícil do que viver de ambientes virtuais. A tribo é um lugar com cara de idade média mas a vida lá é bem parecida com a de homens das cavernas. Esse contraste de mundos é fantástico. O sobrinho de Perry, Talon, é raptado por guardas de uma cidade, e aí as coisas esquentam.

Melhor do que isso só quando Aria é despachada para morrer no mundo de fora e Perry acaba encontrando ela, com sede de vingança, pelo que salvá-la causou a ele. E a partir daí a história flui melhor ainda. Os dois viram improváveis aliados. É interessante como não só Aria tem medo de Perry, enorme e brutal, como ele também de certa forma tem medo dela, sabendo que ela vive no meio da tecnologia enquanto ele não sabe nem ler. As personalidades deles são tão opostas, e eles se odeiam e desprezam mas são espertos para reconhecerem que precisam se ajudar se quiserem encontrar aqueles que amam de novo.
Perry é um caçador exímio. Como um selvagem, está acostumado a caçar usando seus sentidos como um animal. E o leitor nem desconfia a importância que isso vai tomar com o decorrer da história... Aria eventualmente se transforma, depois de levar uma surra de realidade da mãe natureza. Como eu disse, ela já era astuta e esperta dentro da cidade, e na selva então, ela desperta um potencial muito grande dentro de si; junto com certas habilidades essas que são uma peça chave na história, também. Ela aprende a gostar de viver no mundo de fora, o quanto a realidade é fascinante.
"And never have she loved life more." - "E nunca ela havia amado tanto a vida."
E eles aprendem a lidar um com o outro. Eles passam do desprezo, dos xingamentos de monstro, homem das cavernas, toupeira, a verdadeiros aliados. Demora um para aparecerem outros personagens, mas de jeito nenhum tem como enjoar de Aria e Perry. Mas os outros também tem sua importância na história, e poderes além do que se poderia imaginar. Roar, melhor amigo de Perry, é hilário e brincalhão, mas muito leal e perigoso, caso você mexa com ele. E tem também o Cinder, um garoto maltrapilho que eu achava que ia ser só um figurante...

Mas por incrível que pareça, não tem triângulo amoroso, de jeito nenhum. Eventualmente, Perry e Aria se tornam muito próximos, e se entendem sem precisar de muitas palavras. Tem uma parte deles que não sabe se eles querem chegar ao fim da viagem, porque vão ter que se separar pra sempre depois disso; eles são de mundos diferentes. Os dois se tornam importantes um para o outro de um jeito que eu não posso explicar sem estragar a maior surpresa da história. Mas eles resolvem aproveitar o tempo que ainda têm, mesmo com um futuro tão incerto.
"How did she do that? How did she make him feel weak and strong?" "Como ela fazia aquilo? Como ela fazia ele se sentir fraco e forte?"
O final merece uma menção de destaque. Os dois últimos  capítulos reviraram tudo o que parecia estar certo sobre o futuro dos personagens. O que eu achei melhor nesse final é que não deu a impressão de que ia deixar tudo para a sequência. As coisas que podiam acontecer de fato aconteceram, foi a conclusão de uma jornada. E eu confio totalmente que Veronica Rossi vai trazer para a sequência situações totalmente novas, novos desafios, novas respostas e novas perguntas. Até!
"A world of nevers under a never sky" - "Um mundo de nuncas sob o céu do nunca."

4 comentários:

  1. QUE RESENHA MARAVILHOSA OBG NUNCA TINHA OUVIDO FALAR QUERO ESSE LIVRO AGORA E MEU DEUS É SÓ 32 REAIS

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    1. heeeey anônimo! Eu que te agradeço por ter vindo aqui, sim esse livro vale muito a pena, se puder, leia. Até õ/

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  2. Outro livro pra minha lista de compras. Adorei a resenha (:

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  3. Eu recebi esse livro tem umas duas semanas e está esperando a vez dele. Não sei porque, mas ele me lembrou um pouco A Hospedeira e gostei muito desse livro. Adorei sua resenha, bem detalhada e explicativa, me deixou com vontade de passar ele na frente dos outros.

    Bjs, @dnisin
    www.seja-cult.com

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